domingo, 7 de setembro de 2008

Poemas de Tati Bernardes.






Tati bernardi

 

Que bicho me mordeu?

Não sei quem mora aqui. Não tenho idéia do tamanho. Só tenho medo. Muito medo. Medo de de repente, assim, num fim de tarde qualquer, eu morder alguma canela ou sair correndo de quatro. Não sei.
Medo de comer demais, dormir demais, cagar no meio da rua, latir. Morrer de repente. Do corpo não agüentar o tamanho da minha alma. Medo de alimentar demais o bicho, perder forças pra ele. Deixar que ele ganhe de mim, arrebente a coleira.
Não sei que bicho é. Não sei se é manso. Não sei. Só sei que evito tudo. Beber, fumar, amar, me drogar, sonhar, viajar, passar muito tempo longe de casa, perder o controle, vomitar, virar do avesso, olhar pra ele. Eu não posso perder o controle, entende? Não posso pois não sei o tamanho do meu bicho.
É tanta raiva, eu sei. Meu bicho perdeu a data da vacina. Um corpo 48, um pé 33 e uma mão menor que a do meu primo de dez anos. Isso é tudo o que eu tenho contra ele. Esse é o tamanho da jaula que arrumaram pra fera. Mas ele quase quebra, quase quebra a jaula o tempo todo. Ele quase bate nas pessoas, atropela os folgados, cospe nos sujos, arranha os safados, vomita nos podres, escalda os enganadores, afoga os que partiram sem que eu deixasse, dilacera os que deixaram de me amar, arregaça os posudos. Quase. É uma luta sobrenatural pra ser humana. Tão forte que quase não consigo. Quase não sou humana.
Como pouco, sinto pouco, nado raso, amo o superficial, bebo só as beiradas, belisco a vida. Tudo para me manter imaculada. Tudo para sentir o mínimo possível o mundano das coisas. Tudo para ser quase desumana de tanto negar a vida. Para negar minhas vontades de bicho. Para jamais me lembrar dele. Eu sempre fico com fome, eu sempre acordo antes do sono acabar, eu sempre paro antes do peito arrebentar, eu sempre sento antes da pressão cair, eu sempre tenho prazer antes de sentir prazer. Eu sempre vou até onde é seguro. Eu tenho medo do meu abismo e da soltura do meu bicho. O que ele pode fazer comigo? O que ele pode fazer com você?
Tenho medo do meu bicho. Medo de ir seja onde for. De nunca mais voltar. De esquecer quem eu sou. Medo de gritar bem alto no meio do restaurante. Chutar carros. Rasgar contratos. Uivar para a lua. Dar o bote. Matar ou morrer por uma questão de sobrevivência. Ranger os dentes. Babar. Enfurecer os olhos. E ligar para aquela amiga falsa e mandar ela a merda. Ela e sua pose de merda. E encontrar o branquelo do outro lado da rua e mugir. E encontrar o garoto sorriso e picar de verdade o seu peito. Fazer ninho em seu coração. Até sangrar. Até que eu possa cantar ali dentro. Para ensurdecer o seu peito de merda. Quero ver quem ganha a briga sem educações e civilidades.
Eu tenho medo do tanto que ele rumina. O tanto que ele jamais perdoa e guarda um mundo de rancor em seu corpo pronto para atacar. O tempo todo. Meu touro pronto a sair chifrando o mundo. Morrendo na frente de gente que torce contra e a favor. Morrendo em praça pública. Tenho medo que meu bicho seja frágil e morra. E de só me restar uma casca, um plástico, uma vida oca.
Talvez eu seja injusta. Talvez ele seja apenas um cão de guarda me guiando cega pelo mundo. Talvez um pássaro louco pra sair voando. Mas tenho medo. Não quero ver a cara dele. Tenho medo dele esquecer que tenho amigos, empregos e gente me julgando o tempo todo. E me fazer bicho. Me fazer implorar carinho, comida, colo. Medo dele andar com o cu por aí, sem roupa, mostrando meu lado sujo pra quem quiser olhar pra baixo. Medo dele avançar, atacar, assustar. Medo dele me comer por dentro e eu sucumbir a essa vida que tanto julga nosso lado animal.
Medo de eu me descontrolar. Calma, monga! Calma! E virar a mulher gorila. E quebrar a jaula e afugentar todo mundo. A Tati é louca. A Tati é estranha. Que medo de ser louca. Que medo de ser estranha. Ela brigou com o namorado, a amiga, a mãe, o dupla, a empregada, a atendente da NET. Ela foi embora antes da hora, ela disse o que sentia, ela fez cara de que estava tudo uma grande merda. Calma, monga. Calma! E quem não briga, quem não é verdadeiro, ao invés de bicho tem o quê? Câncer. Ninguém escapa dessa vida. Nem quem medita. Nem quem compra a maior e a melhor coleira do universo. Ninguém escapa. Nascemos bicho, morremos bicho e passamos a vida com medo de saber que bicho é.
Eu tenho medo dele ser mais forte do que eu. Tenho mais medo ainda dele ser mais fraco. Mas pavor mesmo eu tenho quando é ele quem está com medo. O famoso medo de ter medo. Medo dele entrar em parafuso e eu parecer uma aberração. Solta por aí. Se mijando, se cagando, se vomitando, dizendo que ama, que odeia, sentindo coisas que não parecem muito humanas e ao mesmo tempo são as que nos dão alguma humanidade. Pedindo abrigo, comida, latindo, mugindo, miando, relinchando, coaxando, urgindo, vendo o mundo de quatro, arregaçada no chão, com as tetas inchadas, a barriga pra cima, por um pouco de segurança. Um pouquinho só.
E ele com medo é lama na certa. Ele me maltrata, pula em mim, rouba minha fome, me martela o cérebro latindo mais alto que tudo, arranha meu peito, caga no meu caminho, mija nas minhas certezas … só sossega quando eu volto pra casa, pro equilíbrio, pro centro, pro seguro. Até que eu seja eu novamente. Até que ele possa me soltar para que eu esqueça dele aqui dentro e dos outros lá fora. E siga a dura vida dos bípedes com dores nas costas e dentes grandes.

O mau elemento

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.
Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Trinta anos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

O dia seguinte. Dele

Ele acorda e cantarola a música no banho. Over and over and over. Ela está obcecada pelo Hot Chip e passou a doença a diante.
Ele cantarola e lembra que foi nessa música que ela achou que a cadeira giratória do computador podia contribuir com a dança. Ri. Sente tesão. Acha o mundo ridículo e feliz. Lembra que tava boa a vida procurando. Encontrar dá medo, preguiça e uma sensação estranha de estar se perdendo. Será que eu vou querer namorar essa louca? Será que essa louca vai querer namorar comigo?
Aí ele lembra. Caraca! É mesmo! A menina escreve. Sem pudor. Falaram pra ele. A essa altura do campeonato, já deve ter um texto publicado falando da noite anterior. Será que ela achou bom? Será que ela vai publicar o tamanho da minha alma? Da minha tatuagem? Do meu pé?
Ele corre com o banho. Ainda cantarola, mas agora é com um pouco de medo. Precisa entrar logo naquele site desgraçado. Todo cheio de desenhinhos inacabados e leves. Mas é ali mesmo que ela acaba com todo mundo e sem nenhuma leveza.
Corre com seu carro que ainda tem o cheiro dela e uns fios de cabelo, agora castanhos escuros, pendurados no assento do passageiro. Foi bom. A noite foi boa. Ela não vai falar mal de mim. E também não vai falar nada de mim. Nem bem. Como ele quer que ela seja misteriosa e suma durante todo o dia de hoje. Ele quer sentir o frio na barriga, o nervoso pra saber se ela vai atender ou não. Não seja fácil, minha filha. Não escreve que gostou. Deixa eu sofrer um pouco. Deixa.
Ele chega na agência e não vai direto pro café. Espera ninguém estar passando atrás dele e digita o site dela. Sua frio, melhor pegar o café. Não, vai de uma vez. Vai. Abre. E de repente. Lá está. Um texto. Um texto pra ele. Caramba, ela já escreveu? É o primeiro texto que alguém escreve pra ele, tirando uma tontinha da época da faculdade que botava frases do tipo “eu sei que quando tiver de ser, será” nas cartinhas que ele nem lembra mais onde foram parar. Coitada. Agora é uma escritora de verdade. Ele ri, porque a escritora de verdade se acha um pouco dizendo que é de verdade.
Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, da medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo. E faltando dois parágrafos pra terminar o texto, ela manda, na lata mesmo: “quero te ver hoje”. O que será que ele vai responder?
Ele então pega o café. E sai cantando como se o dia estivesse diferente. Over and over and over and over...




Se meu coração não se emociona mais, fiquei me perguntando o que eu estava fazendo ali.
Se não sonho mais, não planejo mais, não desejo mais, não espero mais nada, o que eu estava fazendo ali?
Não te amo mais, queria dizer a ele, pela primeira vez, sem esperar que ele sofresse com isso. Sempre quis que ele sofresse com o dia em que eu não o amasse mais. Mas justamente porque eu não o amo mais, nem quero mais que ele sofra. Aliás, não quero mais nada. Só ir embora.
Eu só queria ir embora. Então, por que eu simplesmente não ia embora? Por que eu continuava obedecendo os comandos do meu ex-dono, sendo que ele não é mais dono nem do meu dedinho do pé que tem a unha mais curta?
Claro que sobrou um carinho, uma amizade, uma graça. O mesmo que tenho pelo resto da humanidade que julgo digno de alguns minutos do meu tempo. Mas tudo aquilo, meu Deus, tudo aquilo que era maior do que eu mesma, maior do que o mundo, que me soterrava, que me transportava pra outra realidade, que fazia meu corpo inteiro doer tanto de tanto sangue inchado que passava por ele, tudo aquilo, nossa, acabou. Já era. Então, por quê? Porque eu não dizia simplesmente que tinha ido lá rapidinho pra saber como estavam as coisas, coisas que amigos fazem, e vazava? Por que raios eu não ia embora?
Quero namorar esse homem? Não. Quero casar, ter filhos, envelhecer ao lado dele? Não mais. Nunca mais. Quero transar com ele, ainda que daquele jeito errado em que minha solidão procura um abraço e a solidão dele procura uma sacanagem? Não. Nem a pau. Quero reviver uma memória pra me sentir viva, emprestar uma alegria pura do passado? Não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar, me roubando minhas próprias histórias.
Quero lamentar a falta de um beijo inteiro, um abraço de verdade, um carinho sem medo e uma atenção entregue sem nenhum egoísmo? Não. Não quero mais mudar ou fantasiar ninguém. Deixa o mundo ser como é. Deixa ele ser como ele é.
O que eu queria, que era jogar uma conversa fora com uma pessoa que me conhece tão bem e que eu conheço tão bem e essas coisas, eu já tinha conseguido. Matar o tempo, rir da alma. E só. Coisa de no máximo uma hora, ou duas se eu pudesse beber vinho. Eu já podia ir embora. Mas não conseguia. Por quê?
Quando ele finalmente parou de falar e querer coisas como uma criança de cinco anos que ta pouco se lixando se você tem ou não como lhe dar aquelas coisas e se lhe dar aquelas coisas vai ou não complicar sua vida, o silêncio me contou um segredo que há muito tempo eu já desconfiava: a mente é burra.
Minha mente é burra. Quando minha mãe grita, mesmo ela sendo uma senhorinha fofa e eu tendo o dobro do tamanho dela, sinto um medo absurdo, como se eu ainda fosse aquele menininha de maria-chiquinha. É o sininho do Pavlov, que fazia o cachorro babar por comida mesmo que não estivesse mais com fome. A mente é automática, viciada, comandada, acostumada, burra.
Quando entro no avião pra ir pro Rio de Janeiro, mesmo eu tendo quase trinta anos nas costas e milhas de graça pra ir pra Nova Zelândia de tanto que já fui ao Rio, minha mente está congelada na menina de maria-chiquinha, que tinha medo de ficar longe da mãe, ainda que morresse de medo dos gritos dela. E de novo sinto um medo filho da puta.
E é por isso que quando ele, a pessoa que eu mais amei no mundo pois amei sem os bloqueios e sem a amargura que veio depois de tanto amor, me pede pra ficar, eu fico. Se alguma química idiota do meu cérebro obedeceu aquela voz por anos, por que haveria de parar de obedecer agora só porque o resto todo do corpo já não sente mais nada?
Mas ontem, quando finalmente peguei minha bolsa e fui embora e senti um alivio imenso de sair dali, eu combinei com a minha mente que ela não manda mais porra nenhuma. Chega de ser comandada pela parte mais “xucra” e sem alma da minha existência. Chega.
Quem manda aqui é o mesmo peito que me jogou pra fora daquela casa e daquela situação que sempre só me fez tanto mal e só me levou coisas tão bonitas.
Não quero mais as minhas repetições seguras e infelizes. Ainda que encarar um coração vazio seja mais assustador do que mãe brava, cidades estranhas e amores eternos que acabam.


Todos os sonhos


Essa noite sonhei que usava uma camisa de força mal lavada e era prisioneira de um manicômio de pobre. Eu e meu medo de ficar pobre e de ficar suja e de ficar louca e de ficar presa. E entendi tudo.
E então um homem com cara de sábio veio com uma injeção azul clara e eu sentia dor, muita dor, tanta dor. E ele disse: deixa. Deixa que passa tudo. Deixa eu te dar a injeção que passa tudo. E eu perguntei se toda essa angustia e esse medo de vomitar até morrer, até secar, até assustar, iam passar. E eu perguntei se eu nunca mais morreria de amor como de fato já não morro há anos e está maravilhoso assim.
E eu perguntei se nunca mais eu teria que ir pra onde não quero e morar onde não quero e ficar perto de gente que não quero e trabalhar pra gente que não quero. Porque não querer pra mim tem a força de mil mundos e mal estar pra mim tem a dor de mil mundos e não ir com a cara de alguém, pra mim, tem a ojeriza de mil vidas. E por isso eu tomo chá vendo a novela, pra ver se aquieto meu peito que já nasceu com potencial de explodir sozinho, ainda mais quando tem gente querendo apertar o botão.
Eu só quero descansar, porque meu trabalho é sentir tanto tudo e ninguém entende e fica achando que não trabalho. Eu aqui, sentada, sentindo assim tão absurdamente tudo. Eu só quero descansar. Eu só quero que passe a dor na nuca, na boca do estômago, nos ombros. A dor de olhar tudo com tanta clareza como eu olho. Sabendo tudo de uma maneira tão grande que me curvo e tenho medo de não agüentar. Se ia passar essa descompensação da minha alma ser infinitamente mais que meu corpinho. E eu viver torta e descompensada.
E ele me sorriu discretamente como parecem sorrir os mortos que morrem em paz na nossa imaginação e me disse que sim. Era o fim de tudo isso. A injeção azul era o fim de tudo isso. E então, eu entendi. Mais uma vez com a minha inocência e quase estupidez que me dão essa clareza absurda e que me fazem entender tudo muito mais do que os espertos e descolados. E eu entendi que era uma injeção letal e que eu pararia de sentir simplesmente porque deixaria de existir. E então eu corri. Corri e voltei a voar. Há muito tempo eu não voava em meus sonhos e eu voei muito rápido. Tanto que me doeu a sinusite do rosto e o coração recebeu aquela onda de ar gelado que a gente só sente quando é criança e corre feliz demais mesmo sabendo que se pega gripe correndo assim de boca gigantescamente aberta para sentir o mundo.
Que se danem as gripes, eu pensei. Que se danem as injeções azuis do mundo querendo me deixar com aquele cinza plástico indecente das pessoas anti-depressivas. Elefantes murchos.
E voei, voei. Eu e minha loucura e minha vontade de vomitar tanto até secar por dentro. Eu e o meu medo de me magoar de novo com todo mundo e precisar de novo odiar tanto e me proteger tanto que fico demasiadamente má e me sinto má e começo a fazer maldades comigo.
Eu prefiro esse peito todo errado do que outro peito. Eu gritava. Eu prefiro mil vezes me assumir do que assumir o mundo mil vezes errado. Eu gritei.
E então, tudo continuava ali, prestes a dar muito errado, a falir, a cair no chão e fazer meu próprio buraco. Tudo estava ali. Todo o meu potencial gigantesco pra fazer da minha vida um inferno imenso. E eu assumi meu peso, eu assumi meu medos, eu assumi toda a merda. E assim, voei ainda mais alto, como se flutuasse. Eu peguei pra mim tudo o que soltava por aí e, surpreendentemente, fiquei mais leve.
Se dava pra ir de pesadelo pra sonho deitada, imagina o que eu não poderia fazer da minha vida a hora que ficasse em pé.

Vinte e nove


Todo mundo é um pouco torto, me falou um amigo quando viu que eu estava certa: meu umbigo deveria ser mesmo mais para a direita.
O que me incomoda agora, que eu vou fazer trinta anos, não é exatamente o fato de eu ser um pouco torta como todo mundo, mas o fato de eu ter descoberto que era tudo mentira. Era mentira que a vida se resolve aos trinta. Com vinte anos a gente acha que tudo vai se resolver aos trinta: nosso corpo, nossa auto-estima, nossa conta bancaria, nosso peito vazio, nossa vida amorosa.
Mas eu continuo torta e se bobear a coisa só piorou. Pior: minha ficha caiu e tenho certeza que não estarei menos torta aos quarenta. Não existe a grande e absoluta transformação. E aos trinta, em plena grande e absoluta transformação, você descobre isso.
Todo mundo é um pouco torto, penso enquanto tomo banho e decido não ir nem a pau até a Lapa. Ando mais do que meio torta, cheia de dor nos ombros e prefiro mais é curtir a novela esticada no meu sofá.
O que eu vou fazer lá? Me certificar pela milésima vez que odeio multidão e odeio esse clima de paquera “olá rapazes, vim até aqui para vocês compararem a minha bunda com aquela idiota marombada de dezenove e me dar nota quatro”. Tô fora. Não li esse monte de livros e não repensei zilhões de vezes a minha existência para ser reduzida a isso. Ser comparada à mulher melancia.
Aí uma voz chata pra cacete grita dentro de mim: você vai sim, sua velhota encalhada. Que ficar esparramada no sofá que nada. Novela? Enquanto o mundo faz sexo você vai assistir novela? Vou. Vou sim. Porque to me lixando pro mundo que faz sexo. 90% desse mundo têm ejaculação precoce e os outros 10% não vão te ligar no dia seguinte. Vou ver novela. Tá decidido. Uma preguiça em arrumar homem. Novela pelo menos avisa “é a última semana!”. Homem some no auge da primeira.
Aí eu saio do banho, super decidida a não ir à Lapa e...é, eu sofro em colocar um pijama em plenas oito horas da noite. Cedo, né? Como é que eu vou casar desse jeito? Não vou. Esse papo de que homem bom você conhece de dia. Sei não. Quem é que vai me abordar no supermercado e dizer “Chuchu? Que legal! Eu também adoro eles!”. Não rola. E no trabalho? Não rola. Na época que eu era publicitária passei o rodo mas agora, escritora, quem é que eu vou pegar se trabalho sozinha em casa? E tem outra também: passar o rodo combina com vinte anos. Com trinta você começa a chorar quando vê mulher grávida. Chorar
em casamento. E, principalmente, chorar porque ainda não casou e nem está grávida.
Ok. Então eu vou. Vai que. Vai que hoje conheço alguém legal. Tudo bem que nos últimos quinze anos de balada (comecei com catorze) nunca conheci. E olha que na adolescência qualquer coisa não gorda e cheirosa tava valendo. Mas vai que. Não?
Não! Não, Tati. Pensa bem. Olha sua caminha lá. Te esperando. Seus livros. O creminho de fazer massagem nos pés. Pra que voltar fedendo cigarro? Pra que ver gente que se odeia fazendo uma coisa que só as pessoas que se amam muito deveriam fazer juntas: tentar ser feliz. Um bando de gente perdida, saindo pelas ruas feito baratas no calor. Em busca de alguma coisa. Mas que coisa, gente? Marido é que não é. Ou é?
O que mais me dói é lembrar que eu tinha certeza que já estaria fora dessa vida com trinta anos. Com trinta anos? Eu pensava. Já vou estar ao lado do amor da minha vida. Pintando o quarto de salmão, que acalma o bebê. Rica. Bem resolvida. Cozinhando. Sem medo que minha mãe morra. Com a voz firme. E a bunda também.
Com trinta anos eu vou ter um carrão. E uma casa fashion com vista para árvores. E vou ajudar crianças carentes. E vou ter cara, roupas e postura de mulher. Afinal, são trinta anos.
Nada disso. Nada. Eu ainda me pego, vez ou outra, fazendo a combinação bizarramente juvenil de blusinha decotada com jeans apertado. Eu não sei onde é a minha casa. Porque eu tenho um ap alugado
em São Paulo, que é onde eu moro, eu tenho um ap alugado no Rio, que é onde eu trabalho e eu tenho um ap que não é alugado, mas é da minha mãe. Eu não sei ligar uma máquina de lavar sem ligar antes para a minha mãe. Eu não sei cozinhar kinua sem antes ligar para a minha mãe. E, pela quantidade de vezes que eu falei na minha mãe só nesse parágrafo, já deu pra perceber que ainda faço terapia de medo que ela morra. O que um ser com idade mental de doze anos vai fazer num mundo sem mãe?
Mas eu não vou à Lapa. Tá decidido. Eu não bebo, eu não fumo, eu não faço sexo com idiotas (decidi isso faz pouco tempo, depois de praticamente ter ganhado carteirinha do clube “eu dou para idiotas”) e eu tenho pavor de peles desconhecidas esbarrando
em mim. Pavor. Eu não vou.
Bebida pra mim é vinho, bem acompanhada. Restaurante chique. Ar condicionado. Boa música. Nesse quesito pareço alguém que vai fazer trinta anos. Lapa é para quem tem vinte. Vinho a dois para quem tem trinta. Mas esse é justamente o problema. Entendem? Eu não tenho, nesse momento, ninguém para dividir comigo as maravilhas de se ter trinta. Então, acabo me perguntando: será que eu não deveria ir à Lapa?

As coisas mais ridículas do mundo


Outro dia eu tava pensando nas coisas mais ridículas do mundo. Mentira. Eu tava pensando nisso agora mesmo. Nesse segundo. É que começar textos com “outro dia eu tava pensando...” é uma mania preguiçosa e ridícula que eu tenho.
Eu acho ridículo meninas que não sabem andar em saltos altos e muito menos correr em saltos altos e muito menos comprar um salto alto de bom gosto mas desfilam, mesmo assim, com suas corridinhas ridículas e seus equilíbrios de pato (e patológicos) pelas ruas movimentadas, firmas e feias de São Paulo. Geralmente, são as mesmas meninas meio gordinhas (aquelas dos pés inchados, das canelas com vasinhos esverdeados, quase roxos e dos calcanhares secos e estriados) que usam calças sociais pretas “justérrimas” que dão para ver a calcinha três números a menos que suas bundas gordas mesmo com tanto corre-corre de saltinho ridículo. São essas que dizem “minha flor”, “queridinha”, “um beijo no seu coração” e têm um chulé tão azedo e chato quanto suas vidas. São elas.
Eu acho ridículo quando algum publicitário fala, emocionado (mas antes vamos combinar que o emocionado do publicitário é algo super blasé, voz meio nasalada, baixa, angustiada e gola do casaco atrapalhando a dicção), que vai ter show do “Pseudoxmz4” no “Rouspixmzy Mobile Festival”. Ah, esses artistas sensíveis que rimam Casas Bahia com “compra que ta barato, tia”.
E mais ridículo ainda é que eu fico putinha de não saber que cacete é o “pseudoxmz4ptyxz4aocubo” e corro pra baixar a bosta no meu I-pod fashion. Sou uma escrava das “tendências”, que é uma palavra tão ridícula quanto o fato de terem inventado um emprego pra quem é “tendências”. O que você faz da vida? Ah, eu sou paga pra saber o nome do substituto do baterista do dj gringo do momento. Ah, tá! Cool! Super hype. Aliás, falando em hype, tem coisa mais ridícula do que editorzinho firma de editora quatrocentona te pedindo uma matéria super “hypada”? Ah, mundo. Pra onde eu vou? Todo mundo é tão chato e eu sou tão super mainstream, cara. E essas palavrinhas chatas em inglês continuam deixando qualquer bosta de planejamento ou atendimento ou marketeiro ou enganador profissional parecendo um pastor das vendas. Povo chato. São todos parentes dos telemarketings e das aeromoças, gente paga pra sorrir, pra ser solícito, pra te cobrar o dízimo da peça da moda que você nunca vai usar justamente porque tá na moda mas que você precisa ter só pra abrir mão de usar. Gente com a alegria do Coringa. Por dentro um limbo onde cada célula grita “vai tomar no rabo seu bosta que eu só queria parar de sorrir pro seu dinheirinho de merda e queimar a bunda no sol de Trancoso”.
Acho ridículo esses seres mongolóides que vão até a sacada dos seus apartamentos classe média prime (ganhou mais de 3 paus e 590 você já não pega fila em banco! Ah, que vida chata!) com playground pink, seguranças beges e gesso fazendo desenhinhos rococó no teto e gritam “chupa porcoooooooooooo” ou qualquer xingamento estúpido referente a adversários de futebol. O cara faz questão de soltar seu grunhido suburbano, rouco, grosso e mongolóide enquanto todos dormem (ou dormiam) em silêncio porque dormir deveria ser a coisa mais respeitada do universo. É o único momento no qual você não pensa nem em suicídio nem
em latrocínio. Dormir deveria ser respeitado, porra.
Morte aos mongos torcedores de predinhos neo-clássicos de bairros emergentes com zeladores que não podem te ajudar agora porque a passagem pra Buenos Aires tá barata! Pior que esses só os que passam buzinando, como se dissessem “to feliz galera! Acorda aê que eu to feliz e quero abraçar o mundo com meu sovaco amarelado de desodorante barato”. Por que não enfiam a buzina em seus próprios rabos e se auto-comemoram até implodir? Morte aos carrinhos populares com adesivo néon de santa, motor turbo sofrido em populares 1.0 com som de fórmula 1 de DVD pirada de videogame mainstream.
Acho ridículo quando você está fazendo qualquer coisa em algum lugar com uma pessoa e fala, totalmente querendo se livrar daquela pessoa “então, vamos marcar qualquer coisa em algum lugar”? Pô, ridículo, claro...mas vai tentar ser diferente. Vai falar pra aquela sua amiga que a peça de teatro dela é chata pra cacete e que nesse momento você não está a fim que ela venha na sua casa porque o namorado dela te deprime com aquele topete que deixam mais óbvias aquelas bochechas e o dedinho do pé dela, separado a milhões de quilômetros do resto do pé, te causa algo nunca superado na alma. Vai falar pra ver o que acontece. Não rola não. O que rola é falar pra pessoa que você ta vendo agora “por que a gente não se vê qualquer dia desses”. Isso sim rola, é bem aceito. Agora vai me dizer que o mundo não é ridículo?
Cartão Mais, senhora? Cartão Fidelidade, senhora? Cartão Super, senhora? O único cartão que eu tenho é o da drogaria Onofre. Adoro. Adoro farmácia. Já percebeu como as pessoas ficam intensas na farmácia? Quem tem que espirrar, se acaba. É um atrás do outro. Quem tá assado ou com coceira, nem acaba de comprar a pomada já sai raspando um cu no outro. Tudo é mais intenso. A pessoa fica até com dois cus na farmácia. Quem ta gordo, bufa arrasado, se pesa quase com fundo musical e se arrasta até o shake diet na prateleira alta demais pro bracinho gordo e pesado. Pega pra mim, moço? E pronto, mais um casalzinho formado pelo submundo dos renegados. A gorda baixinha que não trepa há anos e o auxiliar Claudyson que ta se achando o maior gato porque deixou crescer o bigode que tem um “Q” de loiro. Acho ridículo os casais formados porque “é o que temos”. Vai fazer um exercício, minha filha. Vai ler um livro, Jamylson. Bora fazer um mundo melhor sem melô de corno cantado por gente em terno e corrente e sem regime pra caber no vestido de noiva da Jamily’s noivas minha gente! Dá pra ser melhor! Acreditem! Eu já fui uma Jamiles e olha lá, até calcinha Calvin Klein eu tenho agora porque a-cre-di-tei! Tem coisa mais ridícula do que a-cre-di-tar? Tem coisa mais ridícula do que aquela vozinha lá no fundo, te dizendo, vai boba, aproveita. Aproveita! Vai lá! Eu tenho a vozinha. Eu sou ridícula. A vozinha da casa própria, do maridão e do casalzinho de crianças loiras. Já viu como pobre comemora um olho azul? Depois eu que sou ridícula.



Eu sou escrota porque tenho mãe

Descobri a verdade mais terrível da minha vida: eu sou escrota porque tenho mãe.
Se você me visse, visse a pose com que ando pelas ruas, com que brigo em lojas que me atendem mal, com que exijo silêncio da minha vizinha, com que meto meu carro em cima de gente folgada, com que grito com telemarketings, com que dispenso garotos burros.
Você diria: aí vai uma menina corajosa, destemida e meio escrota. Talvez muito escrota.
Não estou nem aí. No final das contas, minha mãe divide comigo o ódio que sinto de tudo o que dá errado na vida. De tudo o que é chato. Ela escreve cartas inteligentes metendo o pau na minha vizinha e entrega para o síndico, ela corta manga e melão pra mim e manda para a minha casa, pela minha empregada. Ela dá risada e concorda: “não tem mesmo homem a sua altura, minha filhinha”.
Agora que moro no Rio de Janeiro (sim, eu tirei aquele texto metendo o pau na cidade a pedido dos queridos leitores cariocas mas ainda não me convenci de que vou ser feliz aqui) me sinto uns 90% menos escrota e descobri que sou escrota apenas porque tenho mãe. Sem mãe por perto virei um gatinho medroso.
E pior: fico querendo que todo mundo seja minha mãe. Se o porteiro me trata mal, ou o taxista, ou o cobrador, ou algum roteirista do programa que estou escrevendo para a Globo, não consigo ser escrota com eles. Apenas guardo tudo para a hora do banho e choro como se eu tivesse cinco anos. Perdi meu poder de ser filha da puta (como é bom escrever palavrão, no blog eu não posso!!!).
Eu só era filha da puta porque tinha minha mãe por perto. Não que ela seja puta, mas é uma puta mãe. Eu era filha da puta por causa da minha mãe.
Agora fico nessa lama querendo que o caixa do restaurante aqui da frente do hotel me pergunte se “papei tudo”. Outro dia a garçonete me ofereceu um pedaço de pudim e eu quase chorei de emoção: será que ela quer ser minha mãe? Depois, quando ela me cobrou 12 reais por um pedacinho de merda de pudim, me lembrei que nesse mundo todo mundo quer é mamar nas suas tetas, mas oferecer um ombrinho ninguém quer não.
Eu era escrota porque tinha mãe. Se eu batesse o carro, ela arrumava. Se eu tivesse febre, ela tirava. Se eu arrumasse uma merda de homem que não me desse valor, ela dava. Se eu chorasse, ela chorava mais ainda, tanto que eu acabava rindo. E se eu sentisse um vazio de merda dentro de mim, ela fazia pão de queijo. Pão de queijo te infla por dentro e resolve esse papo de vazio existencial.
Eu era escrota porque tinha mãe. Agora, fico torcendo pro taxista não querer me estuprar ou, pelo menos, não vir com o papinho furado de taxas entre bairroxxxxxxx. Fico torcendo pro cara do ônibus não roubar meu laptop. Fico torcendo para os meus colegas roteiristas escutarem só um pouquinho algum drama meu, pessoal. Porque preciso, ainda que por um segundo, ainda que de mentirinha, que alguém seja minha mãe. Porque o mundo virou um lugar não maternal. O Rio de Janeiro não é maternal.
Essa geladeira de merda do hotel só tem água e cerveja. Sendo que a água custa seis reais. Uma garrafinha de merda! E pra piorar tem uma camisinha na cabeceira da cama. Motel e hotel no Rio de Janeiro são a mesma merda?
Outro dia achei uma mancha “sinixxxxxtra” no meu edredon. Quero minha casa, quero minha mãe.
Quero a geladeira da minha mãe, com frutas cortadas. Quero meu personal, a moça que me faz drenagem, a minha aula de yoga, os meus amigos da Ed. Abril, das agências que trabalhei. Quero minha cama com borboletas coloridas em cima, não esse quadrinho vagabundo com o Pão de Açúcar aquarelado. Ao lado da minha cama eu tinha preces budistas e não um pacote de camisinhas.
É triste morar
em hotel. Longe de casa, da Lolita, dos meus amigos, das frutas picadas e da minha mãe. E aturar os cariocas tirando sarro de absolutamente tudo da minha existência. E eu só querendo um pouco de colo, um lençol que tenha meu cheiro. Sei la.
Eu era escrota porque tinha mãe. Porque eu me sentia bonita mesmo descabelada, porque eu me sentia inteligente mesmo rebolando pra fazer graça pra ela. Porque se eu acordasse no meio da noite achando que ia morrer, era só ligar que ela vinha correndo. Nunca morri, mas vai que um dia eu morro! Pior seria morrer nesse quarto de hotel, entre as camisinhas, as águas caras e esse edredon sinixxxxtro. E longe da minha mãe.
Eu era escrota porque morava a dez minutos da minha mãe, agora que moro há 55 minutos de Varig e 48 de TAM, eu só quero que esse Cristo de braços abertos me dê um abraço. Ou que alguém me ofereça um pudim de graça.
Ou melhor: quero voltar a ser escrota. Quero voltar a não sentir medo de nada. Quero voltar a dormir embaixo das borboletas.

Eu nem te amo


É estranho como sinto saudades quando você vai buscar água. Aqueles segundos que separam o resto das suas canelas se perdendo no corredor com o pulo que você dá na cama.
Aí você volta cheio de pressa em se livrar de mim e eu penso que tudo bem. Você tem pressa até de se livrar de você mesmo. O problema não deve ser eu. E eu nem te amo mesmo. Só fui te visitar porque tenho preguiça de transar com qualquer um e se fico mais de 3 semanas sem sexo começo a arrumar confusão no trânsito.
Sua voz é chata e seu papo então, insuportável. Respiro aliviada e sugo o máximo de você, pra ter a certeza absoluta de que não é você. Não sonhei com você. Não quero passar minha vida ao lado da pessoa mais estranha do mundo. Imagina só ficar grávida de um homem que tem pavor de mulher com enjôo? Imagina só ficar velha ao lado de um homem que tem pavor da vida óbvia, cotidiana e imperfeita? Eu viveria infeliz.
Não é você. E lá vem você me perguntar porque é que estão todos casando, e falar pela trigésima vez que você vai acabar sozinho e não deve nada a ninguém. E lá vem você me olhar apaixonado e, no segundo seguinte, frio. E me falar para eu não sofrer e para eu ir embora e para eu não esperar nada e para eu não desistir de você. E eu me digo que não é você. Porque, se fosse, meu sono seria paz e não vontade de morrer.
Me despeço, já sem aquela dor aterrorizante, das partes de você que mais amo. Ainda que eu nem te ame mesmo. E me despeço das partes da sua casa que eu mais amo. Ainda que nada disso seja amor. E entro no carro já sem chorar. Os últimos três anos chorando por você serviram ao menos para me secar por dentro.
Preciso me aliviar. Mas dou até risada porque acabaram os caminhos. O mundo não suporta mais esse meu não amor por você. Meus amigos espalmam a mão na minha cara e já vão logo adiantando que se eu pronunciar seu nome, eles vão embora sem nem olhar para trás. Remédios só me deixam com um bocejo químico e a boca do estômago triste, mas não tiram você do meu coração. E escrever, que sempre foi a única coisa que adiantava para os dias passarem menos absurdos, já se tornou algo ridículo. Escrever sobre você de novo? De novo? Tenho até vergonha. Nem eu suporto mais gostar de você. E olha que nem gosto.
É como se o mundo inteiro, os ventos, as ondas do mar, os terremotos, as criancinhas peladinhas brincando de construir castelinhos na areia , os carros correndo nas estradas, os cachorrinhos meditando nas gramas de todos os parques do mundo, a chuva, os cartazes de filmes, o passarinho que canta todo dia de manhã na minha janela, a torta de palmito na geladeira, a minha vizinha louca que briga com o gato na falta de um marido, um cara qualquer com quem eu dormi (e todos eles parecem qualquer quando não são você). É como se o mundo inteiro me dissesse: “hei Tati, ninguém agüenta mais esse assunto! Chega!”
E no meio da noite, quando eu decido que estou ótima afinal de contas tenho uma vida incrível e nem amava mesmo você, eu me lembro de umas coisas de mil anos e começo a amar você de um jeito que, infelizmente, não se parece em nada com pouco amor e não se parece em nada com algo prestes a acabar.
Lembro de você me dando mostarda de café da manhã na primeira vez que dormi na sua casa, de você com os olhos disfarçando uma lágrima porque a minha cachorra buscou a bolinha e era só uma desculpa para eu fechar a porta antes dela voltar. Lembro de você querendo fugir de um museu na Itália porque tantos dias longe de casa te deram uma espécie de bobeira e você achava que estava sufocando. Lembro da sua jaqueta com um sol nas costas e do seu cabelo espetado igual ao sol, do cheiro que você tem bem no centro da nuca, do gosto amargo de menino que tem pressa de tomar banho que você tem bem no fundo da orelha. Lembro de você olhando a bunda da minha amiga e logo depois me dando um abraço forte e dizendo “cadê mesmo aquela revista que tem um texto lindo seu?”. E lembro da primeira vez que eu te vi e te achei meio feio, vesgo, estranho. Até que você me suspendeu no ar por razão nenhuma eu tive certeza que meu filho nasceria um pouco feio, vesgo e estranho.
E então, no meio da noite, enquanto eu penso tudo isso, eu pergunto ao mundo todo que não agüenta mais esse assunto. Ao mar, às criancinhas peladas, aos cartazes de filmes, ao passarinho, à vizinha, aos cachorrinhos em meditação, à torta, aos carros, à qualquer um...eu pergunto: por que é que vocês todos estão tão cinza? Por que é que vocês não me ajudam? Por que é que todos vocês também ficam tão tristes quando ele vai embora? Por que é que todos vocês também morrem quando ele vai embora? Por que é que todos vocês também amam ele?

A dor e a delícia de ser...só


A parte boa de morar sozinha é quase óbvia: chegar em casa depois de um dia chato de trabalho e não precisar ser simpática com ninguém, poder dar festinhas das mais “clube da luluzinha” as mais íntimas, dormir até a hora que quiser, ser dona de um banheiro exclusivo (aliás, de uma casa inteira exclusiva), encontrar as coisas onde deixou, botar um adesivo de borboleta roxa no meio do quarto sem ninguém encher o saco, ter uma foto do Nelson Rodrigues, uma do Seu Madruga e uma do Dali convivendo pacificamente na sala sem ninguém te achar esquizofrênica...a lista é infinita.
Já a parte chata é bem mais curta, simples, direta e realmente muito chata: não poder delegar coisas. Como eu queria berrar “agora é a sua vez de descer para pegar a pizza”. Ou pedir um copo com água depois que já estou quentinha embaixo das cobertas.
Queria também, muito, ter para quem delegar funções nada femininas como arrumar o varal que despencou, trocar a pilha do aquecedor de água (que já me estragou o esmalte umas duzentas vezes), subir com o galão de água pelas escadas no dia que o elevador pifou, receber os tios “cara de que nunca viram mulher” da instalação do fogão. Essas coisas.
Mas não tem. Simplesmente não tem quem chamar. Quando acaba a luz, lá vou eu no escuro e morrendo de medo achar uma vela. Quando as compras estão muito pesadas eu tenho que escolher entre carregar as compras ou carregar as compras, acabo adquirindo uma força que nem eu sabia que tinha. Quando a vizinha resolve escutar Bossa Nova remixada (tem coisa mais brega?) bêbada, às 3 da manhã, e ligar para o namorado e berrar pela trigésima vez “você estragou tuuuuuuuudo” também sou eu, sozinha, que bato na casa do zelador pra dizer que ela vive estragando meu sono, que é tuuuuuuuudo pra mim. Tem horas que eu pagaria feliz o dobro do meu aluguel só pra ter alguém que fizesse tudo isso por mim. Mas acho que ninguém gostaria de fazer um estágio de mãe na minha casa. Ou gostaria?
Hoje faz exatamente um ano que saí da casa dos meus pais, onde eu tinha todo o conforto, espaço e paparicações do mundo, e me mudei para meu ap de
55 metros quadrados com vizinhos loucos que martelam durante a manhã e escutam bate estaca durante a noite, chuveiro que esquenta-esfria e eletroeletrônicos que apitam, estralam, dão choque e até andam sozinhos.
Mas olhando para a minha casinha com todas as coisas que eu mais adoro no mundo (músicas, livros, filmes, pôsteres, revistas, cremes, roupas, silêncios, velas, objetos que trouxe de viagens, fotos...) eu penso que carregar sozinha o peso das compras e da vida valem muito a pena. Acho que acabei ganhando alguns músculos necessários para ser uma mulher de verdade. Aqueles que ninguém ganha na academia da moda.

Saudadezinha


Ainda que eu esteja numa fase bacana e sem nós no peito (o que por um lado é ruim pois a paz sempre me dá alguns quilinhos a mais e alguns textos a menos), resolvi embarcar num momento nostalgia.
Não sei se foi o clima de Natal ou de Ano Novo. Não sei se é porque agora, nesse exato momento, estou ouvindo “I know it’s over”, do Smiths, e tomando uma taça de vinho. Só sei que a noite está pedindo e resolvi fazer uma sessão nostalgia.
Acho normal. Acho perfeitamente normal lembrar com carinho que você sempre dava um jeito de me mandar mensagens em datas festivas. Estivesse você casado ou namorando ou ilhado num templo budista, dava um jeito. Era como se dissesse, sem dizer “eu sei que já faz tempo, mas ainda amo você”.
Também me faz bem lembrar que você nunca, nunca, nunca se alterava. Trouxesse o garçom o pedido errado pela terceira vez ou fizesse um playboy qualquer uma tremenda barbeiragem em cima do seu carro. Você nunca estragava nossas noites. Eram tão raros os nossos momentos, você dizia, que eram para ser sempre bons. E de fato sempre eram.
Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade: sua leveza. Você me dizia que jamais iria me cobrar leveza, pois me amava intensa. E me pedia que fizesse exatamente o mesmo, ainda que ao contrário, por você. E eu não obedecia nunca, afinal, pessoas intensas não obedecem.
E assim nós seguimos, por alguns bons anos entrecortados, sendo tão parecidos ainda que tão atraídos mutuamente pelos nossos opostos. A gente era parecido principalmente porque topava as coisas mais malucas como, por exemplo, brincar que tinha acabado de se conhecer numa festa, ainda que tivesse ido junto para a festa. E por horas ficávamos nessa bobeira e nenhum dos dois ria. Até que alguém pedia, cansado, “já pode voltar ao normal? É que está me dando vontade de transar e eu não transo com desconhecidos”.
Eu tenho saudades de tudo. Da gente acordar sua vizinha de tanto rir de coisas bestas, do seu carro sempre bagunçado, da paciência que você tinha com meus quase quinze anos a menos, da mania que você tinha de arrumar minhas roupas em cima da cama enquanto eu tomava banho e de quando você apertava os ossinhos das minhas costas no escuro e falava, baixinho: “ai, como essa menina gosta de fazer drama!”.
Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranqüila, bonita, saudável, de longe. E, quem diria: leve.

Que nem coração de mãe.

Meninas mentem o número! Antes fosse da idade. Meninas mentem o número dos parceiros sexuais mesmo. Agora eu me pergunto: pra que?
Feriado passado uma das minhas amigas teve uma idéia genial: clube da Luluzinha. Fomos em 14 mocinhas para o sitio dela e tivemos dias dignos de machos: só falamos em sexo e não tivemos um pingo de saudade da companhia do sexo oposto. Até futebol a gente jogou.
Na segunda noite e depois de muito vinho na cabeça, começou o jogo da verdade: com quantos você já transou?
Os números variavam de dois (juro!) a seis (juro!). E eu resolvi simular uma síncope alcoólica e desmaiar no meio do assunto. Não sou obrigada a dizer nada da minha vida a ninguém, mas também não estava a fim de fazer o joguinho da santa. E estava na cara que a mulherada estava mentindo. E se todas estavam mentindo, por que eu ia ser a única honesta a falar a verdade? E se elas estavam falando a verdade, por que mesmo eu ainda era amiga delas?
A verdade é que corri para meu quarto movida por uma certa insegurança e comecei a contar. Eu já tinha um número mais ou menos na cabeça mas queria ter certeza. Um número que ainda dava para contar nos dedos (lembrando que tenho pés), mas que certamente era maior do que a variação de dois a seis.
Fiz as contas mil vezes e dormi pensando: será que eu sou uma safada? Será que eu não sou moça pra casar? Será que a que transou com dois, três,...merece mais do que eu ser mamãe e construir casinha com cerquinha branca?
Calma, Tati. Eu me dizia. Essas vacas estão mentindo! Dois a seis o cacete! Poxa, éramos 14 garotas com quase ou mais de trinta anos! São aí, chutando por baixo, uns dez ou quinze anos de vida sexual...Anormais eram elas, não?
Dormi mal. E acordei pior ainda, porque na manhã do dia seguinte ainda lembrei de mais um que meu cérebro seletivo tinha esquecido. Acho que um dos únicos, senão o único, com quem eu transei sem estar gostando. Porque todos os outros, que ainda davam para ser contados nos dedos (lembrando que eu tenho dois pés), eram rapazes do bem por quem eu havia me apaixonado.
Eu nunca transei com algum desconhecido que conheci em alguma balada e muito menos Carnaval. Com todos eu tive algum envolvimento, alguma história. E no sentido exato da palavra história: a maioria acabou virando tema de livro ou coluna de revista.
Não que esteja errado transar com alguém da balada ou do Carnaval ou sei lá eu o quê. Mas já que eu estava na neura “será que eu não sou moça pra casar”, essa era uma boa saída para o meu momento machista ignorante. Me convenci que estava tudo ok comigo. Ou melhor: resolvi que se daqui uns anos meu número passasse de todos os dedos da minha existência, era só arrumar algum gringo que jamais fosse amigo dos meus amigos homens e vir com o papinho de “dois a seis”.
Mas acabei concluindo que cada uma faz com sua florzinha o que bem entender. Algumas resolvem virar maria-sem-vergonha, outras coroa de defunto mesmo, porque dois ou seis em trinta anos,...fala a verdade...essa pessoa está viva? Ou vai ver eu estava sofrendo tanto e essa que transou com dois, transou com eles na mesma noite, vestida de odalisca. Vai saber?
No fundo, já que estamos falando dele, acho ridículo medir a nobreza ou a “bacaneza” de uma mulher por números. Eu amei ou fui apaixonada ou gostei bastante de todas as pessoas que dividiram uma cama comigo (ou um sofá, um carro, uma pia, um estacionamento de loja de decoração).
Quer saber? Meu número não era pequeno, mas meu coração também não.





Ser Feliz ou ter razão?

 

Estranhou a pergunta ? Então pense em seus conflitos. Coloque o quadro do problema à sua frente e faça a você mesma esta pergunta: - nessa situação você está querendo ter razão ou prefere mudar de idéia e ser feliz ?
Calma ! Responda com sinceridade.
Será que vale à pena criar um clima imenso só porque seu filho não cumpriu o horário determinado para chegar em casa ?
Você está querendo mostrar força, poder ou realmente ele pisou na bola ? Uma conversa, saber onde ele estava, o por quê se atrasou não é mais interessante do que uma grande briga ?
E o seu companheiro, será que vale brigar pelos mesmos problemas de anos ? Para ser feliz não é melhor aprender a conviver com esses, digamos, defeitos ?
Pense bem: - tem muita gente que acaba com a própria felicidade só para provar que tem razão.
Conheço pessoas que vivem um relacionamento destruído, mas não se separam só para não dar o braço a torcer.
Também conheço o contrário, gente que ama e se separa porque não sabe perdoar uma falha, quer sempre ter razão.
A vida foi feita para ser feliz.
Se é necessário "chutar o pau da barraca" e acabar com tudo para recomeçar, faça isso !
Se é preciso olhar para o espelho e sentir que é hora de ser mais maleável, faça também !
Se Deus fez o nosso corpo com tanta articulação é porque imaginou que iríamos nos mexer, mudar e nunca ficar parado como uma árvore.
Pense nisso.....

Talvez

 

Talvez quando você lembrar em querer-me, eu já tenha encontrado alguém que
me queira.
Talvez quando precisar de mim, eu já tenha perdido a vontade de te ajudar.
Quem sabe quando você lembrar que eu existo, eu já tenha desaparecido do seu
caminho.
Se por um acaso algum dia você queira me amar, talvez nesse dia eu já tenha
transformado esse amor em amizade.
Quando seus olhos sentirem falta de uma luz e você quiser me ver, talvez eu
já tenha ido a procura de outro que me queira o quento eu te quis.
Talvez quando nossos caminhos brilharem por uma só estrela, eu já tenha
outro amor em meu coração, mas mesmo assim será bom reve-lo.
Quando cair na real que me teve ao seu lado e a seu alcance, então pediri a
Deus que mude nossos caminhos e me lance para os braços de outro.
Não seja tolo um dia em pensar que eu sofro por você, porque esse dia veio e
foi a muito tempo.
E se por obra do desrino eu passar por você com outro, saiba que ele me
segurou na hora da queda.
E se um dia você sentir que está sofrendo por um amor não correspondido,
console-se, pois um dia eu sofri pelo seu.
E se um dia você sentir que está amando, sorria! Pois nesse dia deixarei de
pensar que você é frio e calculista.
E se depois de tudo isso que escrevi você continuar não entendendo que quero
dar uma chance a nós dois, encare-se nessas tres palavras:
***VOCÊ ME PERDEU!***
Mas se conseguir entender o que escrevi, não sei com quantes palavras vou
conseguir dizer o quanto..
***EU TE AMO***

Lágrimas que machucam

 

No olhar umedecido,
lágrimas surgem a deslizar nas faces,
formando um corredor dançante,de um
bailado sem ritmo,em que o som dos
soluços incentivam as incessantes gotas,
a exprimir o sentimento ferido.
Lágrimas de amor partindo,
lágrimas que lavam o coração,
lágrimas de um sonho perdido,
lágrimas que machucam!
Secam-se os olhos, afogam-se os
soluços, amortiza-se a dor,
esperanças adormecem e
a vida continua...

Pedaços de Amizade

 

Amizades são feitas de pedacinhos.
Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.
Não importa a quantidade de tempo que passamos com cada amigo, mas a qualidade do tempo que vivemos com cada pessoa.
Cinco minutos podem ter uma importância muito maior do que um dia inteiro.
Assim, há amizades que são feitas de risos e dores compartilhados; outras de escola; outras de saídas, cinemas, diversões; há ainda aquelas que nascem e a gente nem sabe de quê, mas que estão presentes. Talvez essas sejam feitas de silêncios compreendidos, ou de simpatia mútua sem explicação.
Hoje em dia, muitas amizades são feitas só de e-mails e essas não são menos importantes. São as famosas "amizades virtuais". Diferentes até, mas não menos importantes.
Aprendemos a amar as pessoas sem que possamos julgá-las pela sua aparência ou modo de ser, sem que possamos (e fazemos isso inconscientemente às vezes) etiquetá-las. Há amizades profundas que são
criadas assim.
Saint-Exupéry disse: "Foi o tempo que perdestes com tua rosa que fez tua rosa tão importante".
E eu digo que é o tempo que ganhamos com cada amigo que faz cada amigo tão importante. Porque tempo gasto com amigos é tempo ganho, aproveitado, vivido.
São lembranças para cinco minutos depois ou anos até.
Um amigo se torna importante pra nós, e nós para ele, quando somos capazes, mesmo na sua
ausência, de rir ou chorar, de sentir saudade e nesse instante trazer o outro bem pertinho da gente.
Dessa forma, podemos ter vários melhores amigos de diferentes maneiras.
O importante é saber aproveitar o máximo cada minuto vivido e ter depois no baú das recordações horas para passar com os amigos, mesmo quando
estes estiverem longe dos nossos olhos.
Lembre-se, você é responsável por tudo aquilo
que cativa...

Hoje

 

Hoje... em um dia de qualquer ano,
em um ano de qualquer século,
em minhas plenas faculdades mentais e físicas
e assumindo tudo que digo e escrevo declaro,
que me declaro "Culpada".
Culpada de tudo que não fiz,
de tudo que não vi e não ouvi,
das palavras que não disse no tempo certo
e de outras que nunca aprendi.

Me preocupei por coisas que jamais aconteceram,
e passei a maior parte da minha vida
em lugares errados, em horas erradas,
com pessoas erradas.

Declaro... que cheguei tarde a todas as cidades,
que não estive nunca em nenhuma parte
que a primavera estivesse florida,
a terra assentada e o céu prometido.
Que tudo que tenho é menos do que preciso,
que o que acreditava, não era verdade
e que cometi o pior dos erros,
sonhei em um mundo de pesadelos.

Declaro também...
que não há nada mais certo,
que a nossa passagem pela vida,
nem nada mais falso que nossa vida passar.
Que é feliz aquele que não quer nada,
que não sabe nada,que não se indaga por nada,
e que não se dá conta de nada.

Que de uma mão carinhosa,
pode cair o amor que há nela.
Que tudo que não se doa,
não se acumula... se perde.

Que todos somos no final,
escravos de algum vício ou de alguma virtude,
que tenho sido fiel somente às minhas dúvidas,
e que o homem mais livre que conheci,
estava acorrentado
ao coração de um MULHER".......

Seja feliz..

Sempre!!!

 

 

 

 

 

 

Você mora em meu coração

 

Neste momento parei tudo que estava fazendo porque pensei em você.
Lembrei do quanto você me faz sorrir e ser feliz.
Isso aconteceu no ano passado, mês retrasado, há quinze dias,
esta semana, anteontem, ontem.....

Nossa!!! Você notou que está sempre me fazendo sorrir?
Que sua palavra amiga sempre chega na hora certa?
Que quando mais preciso de incentivo,
e penso em desistir de tudo,
é você que me dá forças para continuar essa batalha!

Pois é...
Por tudo isso estou sempre pensando em você.
Então resolvi enviar essa mensagem, para agradecer seu carinho,
sua amizade, sua presença na minha vida.
E para dizer que...
você mora no meu coração.
 
 
 

Amigo é Aquele

 

Amigo é aquele que não tem rosto, tem sentimento.
Amigo é aquele que não tem raça, tem coração.
Amigo é aquele que não tem preconceito e, sim, mãos estendidas.
Amigo é aquele que chora sorrindo na lágrima de nossa alegria.
Amigo é aquele que não tem hora pois toda hora é hora.
Amigo é aquele que comemora mesmo por dentro estando triste.
Amigo não tem sorriso, tem expressão.
Amigo é aquele que telefona a você, pois sabe o quanto precisa escutá-lo.
Amigo não tem beleza, tem perfeição.
Amigo não é visita, pois é sempre benvindo.
Amigo é aquele que não tem palavras, tem o abraço.
Amigo não tem alma, tem elevação.
Amigo não aponta seus defeitos, evidencia suas qualidades.
Amigo é aquele que nunca o esquece e sempre se alegra ao vê-lo.
Amigo sempre lhe dá seu ombro mesmo estando precisando de um.
Amigo é também o virtual que fica teclando com você.
Amigo virtual não vê a hora passar enquanto não o "vê" sorrindo.
Amigo virtual sempre lhe manda um e-mail mesmo estando com pressa e atrasado.
Amigo é sempre amigo.
Real, virtual, amigo é você!
Amor, carinho, luz, paz e enormes beijos em seu coração!
(Sandra Regina)

 

 

A Vida Me Ensinou

 

A Vida me ensinou a compreender as pessoas, pois uma pessoa é diferente da outra.
A Vida me ensinou a respeitar os animais, eles fazem parte da nossa vida.
A Vida me ensinou que muitas vezes amamos e não somos
Amados na mesma proporção, mas amar sempre vale a pena.
A Vida me ensinou a cuidar da flor, ela é sensível e enfeita o mundo muitas vezes Cruel.
A Vida me ensinou a estender a mão a quem precisa, embora seja um inimigo.
A Vida me ensinou a sorrir, embora esteja com lágrimas nos olhos, o outro pode estar mais Triste do que eu.
A Vida me ensinou que o sofrimento nos faz mais fortes e assim compreender melhor o outro.
A Vida me ensinou que de cada pedra encontrada no caminho, se faça uma escadaria para se chegar ao topo de mais uma Realização.
A Vida me ensinou que a Beleza esta no coração e não na aparência.
A Vida me ensinou a compreender os infelizes que não conhecem e nem sabem o que é o Amor.
A Vida me ensinou a perdoar aqueles que não são amigos, pois
não sabem o significado de Amizade.
A Vida me ensinou que a solidão é bom para refletir.
A Vida me ensinou que a essência da Vida é o Amor.

Vale a pena dizer "eu gosto de você"

 

Todos nós temos necessidade de afeto. Muitas vezes temos dificuldade em expressar o que sentimos pelas pessoas, achamos que elas sabem e que isso é suficiente.

Mas quem não gosta de um abraço, um carinho, uma palavra amiga, uma palavra de amor? Quem não precisa disso? Há pessoas morrendo de fome no mundo, todos falam, mas quantas pessoas há que estão morrendo de solidão?

Recebemos com muita freqüência mensagens dizendo que devemos dizer às pessoas o quanto as amamos porque nunca sabemos se é a última vez que as estamos vendo. Isso é para aliviar nossa consciência no caso das pessoas desaparecerem repentinamente.

Mas eu digo que devemos dizer às pessoas que as amamos como se fôssemos encontrá-las na manhã seguinte, como se fôssemos encontrar um sorriso de volta, ou ver um brilho todo especial provocado por nós.

Um dos maiores prazeres da vida é ver a felicidade das pessoas que amamos. Há alguns anos escrevi uma frase para uma das minhas amigas num momento em que ela não estava bem. Essa frase dizia assim: "Não fique triste. Se você fica triste, fico triste. E eu não gosto de me ver triste..." Ela sorriu. E nessa frase aparentemente egoísta eu acabei dizendo uma grande verdade. Sim, porque no fundo se não fazemos as pessoas felizes por elas mesmas, que as façamos então por nós mesmos.

Podemos saber que alguém nos ama e isso nos deixa felizes, mas como expressar o tamanho da felicidade que sentimos quando alguém coloca isso em palavras, em gestos? Isso faz com que nos sintamos amados em dobro, em triplo até.

Assim, é importante que as pessoas saibam o quanto importantes são nas nossas vidas, o quanto nosso dia pode ficar iluminado com um sorriso ou um gesto inesperado. E luz é algo que quando carregamos nas mãos, além de iluminar aqueles que nos cruzam, iluminam a nós também.

Todo o amor que damos às pessoas, recebemos de volta como uma recompensa natural. Saber que alguém pensa na gente, que nos gosta apesar da distância, do mal-humor, dos nossos defeitos, enche a alma de paz, de serenidade... É como um pouco de ar fresco numa janela quando precisamos respirar. Renova o espírito! E de espírito renovado como o dia pode ficar diferente, como o mundo pode parecer diferente!...

Essa é minha pequena lição de hoje. Não a que dei, mas a que aprendi.

Letícia Thompson

 

“Nunca lamente por um amor que perdeu pois o amor que morre foi aquele que nunca nasceu”


 

“As coisas mais importantes da vida são aquelas que aprendemos mesmo depois que achamos que já sabemos tudo”


 

“A pessoa que nunca errou foi aquela que nunca fez nada..”


 

“Se você não sabe amar não faça sofrer quem te ama...”


 

“Se eu fosse um anjo viveria pra te guardar mais como sou humano vivo pra te amar”


 

“Por mais longe que o sol esteja nunca deixará de brilhar, por mais longe que você esteja nunca deixarei de te amar”


 

“Lembrar é fácil para quem tem memória, esquecer é difícil para quem tem coração”


 

“Amor é a asa veloz que Deus deu á alma para que ela voe até o céu...”(Michelangelo Bounarroti)


 

“O amor não se constituiu de cegueira, se constitui em ver os defeitos do amado e aceitá-los apenas por que se ama...”( Lucas Augusto)


 

“Como são sábios aqueles que se entregam ás loucuras do amor...”(Joshua Cooke)


 

“Eu amo tudo que tenho mais eu não tenho tudo que amo!”


 

“Por dentro estou sofrendo sabendo que te perdi. Por fora estou vivendo fingindo que te esqueci..!”


 

“Eu queria ser invisível para em teu quarto entrar e no silêncio da noite em teus lábios beijar”


 

“A alegria de saber que você existe é suficiente pra suportar a tristeza que não ter você do meu lado..!”


 

“Mesmo que o ouro perca a cor, mesmo que o sol deixe de brilhar, por toda vida eu vou te amar.”